Vá para Cuba de uma vez

Com o calor pós-resultado da eleição mais acirrada da história do Brasil (51% a 48%), muita bobagem foi dita e espalhada nas redes sociais, um misto de preconceito e ignorância que refletiu, em boa parte, o teor das campanhas eleitorais. Uma das mais difundidas foi que a partir de hoje teríamos uma ditadura comunista sendo implantada e que o país se transformaria em Cuba.
Caso este texto seja de fato publicado, isso significa que ainda vivemos em um regime democrático. O que significa que, diferente de ditaduras, você tem liberdade para viajar para o exterior e conhecer novas paisagens, culturas e povos. Como Cuba. Eis alguns motivos:

1. Mojito. E mais mojitos
Esqueça aquela água de louça lavada servida em copo plástico em festa a fantasia de faculdade. Esqueça os drinques a R$ 25 no bar transudo que ostenta vodca francesa. Em Cuba, os mojitos são o que a nossa caipirinha seria caso sua receita fosse mais simples e ela dependesse menos da acidez e do frescor do limão.  Bom. Sempre bom. Ok, quase sempre. Mas são baratos, refrescantes. Hortelã macerada, rum, limão espremido, açúcar, água com gás, gelo. Sem frescura, sem invencionice. Se ainda for na Bodeguita del Medio, em Havana, dá para tirar uma onda por beber num dos lugares marcados por um dos maiores escritores bêbados da história: Ernest Hemingway, que bateu ponto ali quando morou no país.


(foto: Christer)

2. Músicos incríveis a cada esquina
Ilhas têm uma relação peculiar com música. Criam espécies endêmicas, que se desenvolvem, ampliam, sofisticam. É assim na Grã-Bretanha, na Islândia ou em Cuba. Paquito D’Rivera, Los Aldeanos, Efrain Loyola, Tito Gómez, Celia Cruz, Gloria Estefan, Ibrahim Ferrer e os bambas do Buena Vista Social Club são os nomes famosos. Mas em qualquer buraco de Havana você pode esbarrar em um bar com música ao vivo que é tudo menos “bar com música ao vivo” como conhecemos aqui. Ou seja, dá para ouvir música e conversar ao mesmo tempo.
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(foto: Philippe Moreau Chevrolet)


3. Você se sente um fotógrafo muito bom
Poucos lugares do mundo são tão fotogênicos. Uma grande ilha voltada para o Mar do Caribe, o Golfo do México e o Estreito da Flórida que foi uma das principais colônias espanholas, destino turístico famoso na primeira metade do século 20 e país socialista na segunda metade, o que congelou boa parte da memória afetiva arquitetônica e industrial do país nos anos 50. As fachadas carcomidas das ruas, os carros maltrapilhos, os parcos eletrodomésticos. Agora some aos prédios coloniais e barrocos, à cor do mar e às pessoas na rua, com sorriso no rosto (ou não), falando bem de Fidel (ou não). Mas sempre fotogênicas. Isso o torna um país único, um shopping vintage socialista tropical com cheiro de yerba buena, tabaco e carne de porco.
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(foto: K. Hurley)


4. Ah, claro, tem praia
Um critério muito caro a todos os brasileiros, separatistas ou não.
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(Cayo Ensenachos. Foto: somebody_)


5. Charuto. Mesmo se você não fumar.
Nem é preciso ser fumante. A própria fabricação de charutos cubanos, concentrada na região de Pinar del Río, na ponta oeste do país, já vale a visita. Desde o cultivo de tabaco até enrolá-los a mão, a indústria de habanos, que cresceu 8% em 2013, é das atividades econômicas mais fascinantes do mundo. Em Cuba, esses cigarros não são coisa de velhos rodando taças de conhaque enquanto falam de caçadas e turfe, mas é algo cotidiano, fumado aos montes na rua. Difícil não levar uma baforada sem querer na calçada. Fumar é um ritual comum e ancestral. E, diferente das caixas proibitivamente caras encontradas no Brasil, em Cuba há preços para todos os públicos. Vá. Fume. Experimente. Conheça. Opine depois de saber.
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(foto: Carlos Lorenzo)

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