Youtube investe em gamers brasileiros

Segundo dados do Google, o Brasil possui mais buscas por games do que países como Japão e Singapura; no país, a palavra “game” possui mais procura que “futebol”; e em todo o planeta, quatro dos dez canais mais assistidos no Youtube são sobre games.

Para reforçar, a Brasil Game Show – feira que recepciona criadores e estúdios de todo o mundo - recebeu mais de 250 mil pessoas em sua edição de 2014. Na feira, aliás, também ocorreu uma das maiores arruaças de sua história: devido à grande quantidade de fãs, youtubers “popstars” tiveram que ser retirados do evento. E essa não é a primeira vez que isso acontece, já que os anos de 2012 e 2013 tiveram incidentes similares.

Pensando nisso, o Youtube – que hoje já possui parcerias com mais de um milhão de youtubers mundo afora – decidiu convidar cerca de 40 gamers do país inteiro para uma tarde de conversas no prédio da Google. Canais de sucesso como BrksEdu, Coisa de Nerd e VenomExtreme foram alguns dos participantes do “Game Event”, que teve o propósito de melhorar a ponte entre plataforma e criadores.
Representantes da área de games do Youtube convidam gamers de todo o país para bate-papo (Foto: Reprodução)
Para Alessandro Sassaroli, gerente de parcerias do Youtube brasileiro, “qualidade é importante, mas relevância é mais”. Tocando precisamente nesse ponto, o executivo da empresa decidiu reunir um compilado de dicas aos youtubers que querem ingressar neste novo campo de trabalho, além de dar uma forca extra aos já estabelecidos produtores de conteúdo.
Utilizando cases como canal Desimpedidos e TV Palmeiras, Sassaroli acredita que alguns passos são essenciais para o sucesso de um canal na rede social: conteúdo compartilhável; público alvo bem definido; produção colaborativa; linguagem dialogável e conteúdo inspiracional podem fazer de seu canal um bom exemplo no Youtube. Aliado a isso, o executivo que também trabalha nas contas de gamers adiciona: “Entendimento de internet – como SEO -, bom planejamento em redes sociais, ótima estrutura audiovisual e ficar de olho no formato da mídia são bons pilares para canal de sucesso”.

Mas Leon, do Coisa de Nerd, entende o convite de maneira diferente: “Muitas dessas dicas nós já aprendemos na prática.  A gente vive disso há anos. Acho que esse tipo de evento é muito bom no quesito de unir os gamers brasileiros – coisa que não acontecia desde 2011 -, como também para estabelecer um diálogo com o Youtube”. Edu, do BrksEdu (canal com mais de dois milhões de inscritos) também entende isso de maneira mais crítica: “Cara, eu vejo todo o processo de ‘embate’ entre os youtubers e o Youtube com mais ceticismo. Se o seu trabalho for bom, ele vai fazer sucesso, se for ruim, não vai. Isso independe da ação da empresa com a gente. Mas é claro que fico muito animado quando vejo essa interação existindo. A gente esperava isso há muito tempo e ver acontecer é bom demais. Afinal de contas, eu vivo disso”.
Jovens garotos e garotas já ganham seu próprio dinheiro com a internet (Foto: Reprodução)
Publicidade emergente: o Youtube como veículo
Outro ponto tocado pela empresa durante o evento foi a publicidade. Hoje, o Youtube já possui mais audiência que a televisão americana: são mais de um bilhão de acessos por mês. Pensando nisso, além dos gamers – e a imprensa, de praxe –, também foram convidados publicitários do ramo editorial de games para incentivar o networking entre anunciantes e youtubers.

Natalia Duarte, gerente de projetos da Google, conversou com os jovens garotos e garotas que estão se aventurando na internet para tentar “profissionalizar” um pouco mais o – já lucrativo – negócio do Youtube.

“Hoje, exemplos como as séries do Machinima e as campanhas do Monark podem ser considerados casos de sucesso. Outro bom exemplo é o de Leon e a campanha realizada com a Intel”, conta Sassaroli. Já a gerente Natalia afirma que alguns pontos devem ser trabalhados na hora de tornar o seu canal em uma marca anunciante: “Qualidade, profissionalismo e audiência são os primeiros passos para atrair outras marcas. Mostrar números efetivos, expectativas e organização são atos básicos se você quer que uma marca como a Coca-Cola (caso do canal Monark) trabalhe com seu produto”.

Mas o medo dos youtubers é de que a publicidade ainda não saiba trabalhar com esse tipo de comunicação. “Tem gente ainda que se vende por placa de vídeo. Sai por aí fazendo propaganda por merreca. O nosso trabalho é sério e deve ser financeiramente levado da mesma forma”, comenta Leon. Em contraponto, um representante dos estúdios da EA rebate: “Nós queremos trabalhar com os gamers, mas o cliente ainda não sabe exatamente como lidar com isso. É um mercado extremamente novo, que está dando seus primeiros passos agora. O youtuber tem que entender que nós queremos ajudar. Hoje, as agências estão do lado do gamer. Só precisamos dialogar melhor para investir nesse mercado tão promissor”.

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